quinta-feira, 23 de agosto de 2012

RPG - Jogo de Interpretação de Personagem? Nunca ouví falar! - Parte I


Para inaugurar as postagens nesse blog, que tem a proposta de discutir elementos de jogos de interpretação de personagens, da sigla em inglês RPG, e da ciência geográfica, geralmente associados, nada melhor do que explicar o que são os RPG's, afinal, o que vamos encontrar por estas "terras"?   

PARA COMEÇAR A FALAR SOBRE "RPG"
Contar histórias (reais ou fictícias) parece ser uma constante em qualquer sociedade humana. Arriscaria dizer que faz parte da “natureza social” dos homens confraternizar fatos que viveram, souberam ou inventaram, em qualquer lugar do mundo e em qualquer época. Variam os meios, desde a fala, a escrita e o uso de imagens; variam os personagens, variam as tramas, mas o ato de se contar histórias se mantém constante ao longo do tempo.
Nesse contexto, quem nunca contemplou uma história dessas, seja em mídia escrita, desenhada, falada, ou filmada, e quis poder fazer parte dela? Talvez para reviver o que o seu personagem preferido fez ou mesmo mudar o rumo da trama? Quem nunca se imaginou como um personagem único dessas histórias? Ou mesmo não relembra, com nostalgia, das brincadeiras de “faz-de-conta” que brincou quando criança: tais como “polícia e ladrão”, “casinha” ou imitou seu super-herói preferido? E quem nunca criou uma história? Seja escrevendo um texto livre, uma redação ou com seus brinquedos da infância (bonecos, bonecas, carrinhos, blocos de montar e etc.), seja sozinho ou com os amigos?
Essa é a essência dos “Jogos de Interpretação de Personagens”, tradução livre de Role Playing Games (RPG) - “Vivenciar”, através da imaginação, as emoções de “ser” um personagem de uma história contada em grupo.
Tentarei explicar de maneira didática, mais uma vez, como tantos outros já fizeram, um pouco dessa fascinante atividade, cercada de tantas dúvidas e preconceitos (estes últimos, geralmente, daqueles que não o conhecem). Para tanto, este texto discute algumas das características que definem o RPG tradicional (jogado presencialmente, também chamado de "RPG de mesa") baseado na terminologia: Role Playng Game
Ele será dividido em dois posts, no primeiro veremos aspectos gerais do RPG e no segundo buscaremos responder algumas dúvidas recorrentes e explicar algumas características mais específicas.

JOGOS DE INTERPRETAÇÃO DE PERSONAGEM (RPG’s): ELEMENTOS BÁSICOS

Quando lemos um romance, uma revista em quadrinhos, um conto ou assistimos a um filme acompanhamos a história que está sendo contada de forma passiva, como alguém que observa os eventos que são “vivenciados” pelos personagens, o nosso papel é apenas contemplar uma trama que já está pronta, sendo o papel de decidir os rumos da história dado apenas ao escritor, diretor, e/ou roteirista.

E se você pudesse controlar um dos personagens da história que está sendo narrada? Pudesse decidir o que ele iria fazer, que atitudes teria, o que, falaria e como reagiria diante dos eventos que ocorrem? E se seus amigos também controlassem as ações de outros personagens na mesma narrativa, onde todos são protagonistas de uma trama que tem um início dado, baseado no conceito dos personagens, mas o final dela vai depender das ações dos personagens desse grupo de amigos? Você PODE fazer tudo isso em um típico jogo de RPG.

O RPG se define a partir de dois elementos básicos que estão presentes em sua terminologia:


1. Role Play: A "interpretação de personagens", a possibilidade de decidir a atitude de um personagem baseado tanto em seu conceito (Uma ideia base [as vezes mais] para definir o personagem, que descreve em poucas palavras o seu papel dentro da história: "Mercenário", "Bombeiro Bêbado", "Guerreiro de capa e espada" e etc.) quanto também em suas características (como personalidade, manias, profissão e etc.), que no geral, podem ser decididas previamente em seu "histórico" (descrição dos fatos que ocorreram com o personagem antes do início da história contada no jogo - Background).
Em outras palavras, interpretar uma personagem seria "fingir ser" uma persona, geralmente, fictícia dentro de um contexto fictício. Durante o jogo, os jogadores  descrevem verbalmente as ações, entoam falas e até mesmo gesticulam ao interpretar, apesar da possibilidade de adição de recursos visuais ou mesmo expressão corporal na interpretação, o elemento verbal é o mais importante e indispensável.


2. Game: É o sistema de regras, que serve, principalmente, para definir impasses, situações em que as ações dos personagens têm alguma chance de falhar e etc., tais como convencer algum outro personagem da trama a fazer algo, saltar por cima de um obstáculo, levantar um objeto de um determinado peso, por exemplo.


Esses são os dois aspectos básicos, complementares e indissociáveis, que definem o RPG - Uma atividade social lúdica na qual os seus participantes interpretam personagens e constroem uma história de forma colaborativa. Esses aspectos básicos se desdobram em outros elementos (Figura 1), alguns deles serão expostos na próxima parte do post. 

Figura 1: Esquema explicativo dos elementos de um RPG tradicional. Fonte: Produzido pelo autor.


Não existe RPG sem “Interpretação de Personagens”, nem sem um “Sistema de Regras”, por mais simples que seja. Uma prática apenas com o primeiro elemento seria um “teatro de improviso”, ou mesmo o faz de conta que as crianças brincam, que muitas das vezes terminam em impasses como: “Eu acertei você!”, “Não, não acertou não!”. O inverso, apenas o “game”, sem o roleplay, se caracteriza em um jogo de tabuleiro, ou mesmo uma espécie de “video game” visualizado na imaginação.

Até aqui, já temos um material suficiente para entender um pouco sobre RPG. No próximo post falaremos sobre alguns aspectos específicos dessa atividade, tais como: que tipo de histórias são contadas, o que é o narrador (também conhecido como Mestre de Jogo), como o jogo acontece e etc. 
Mas, por enquanto deixe as suas impressões, críticas (de forma sempre construtiva) e sugestões nos comentários abaixo. Um abraço e até o próximo post! 
  
PS: Agradeço ao sr. Michael Santiago ("Mike") e a Priscila Guimarães pelas críticas ao texto, valeu pessoal!

Um comentário:

  1. Muito didático esse blog, de fácil compreensão para quem é iniciante.
    Eu acho que o RPG, quando usado de forma correta, serve muito para o desenvolvimento de criatividade e ideias, e é um bom exercício pra aquelas pessoas que tem dificuldade de descrever situações, inventar, e tbm é ótimo pra perder a timidez...(Experiência própria)
    Abraço ;)

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